quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Instante

Paul Klee, Paesaggio 1899







O ambiente era num clube. Havia uma moça, de idade próxima aos 20, sentada em frente ao pai que lia, imutável, o seu jornal. Ela de óculos escuros inquietamente mexia o pescoço ao alcance do que interessasse. Viu o bebê ao longe e sorriu. A criança compreendeu o chamado e sorriu. A moça a procurava. O pai estava alheio a isso.

O clima era cinza, mormaço, ela de roupa o observava disfarçando o pedido. Quase não se mexia. Havia um perigo aterrorizante em se mostrar. Não era entendida nos braços finos, pouco de si exposto no tempo, um lugar conhecidamente seu.

A criança festejava o encontro com os óculos negros fundos da mocinha magra, que parecia uma leitora do mundo. Gostou do seu sorriso direcionado de longe, aberto à distância imprecisa. A moça fazia contato com sua beleza pueril. A memória expandia-se no céu nublado. Barulho pequeno de xícaras servidas na mesa do jantar delirava a lembrança muda.

O pai se levantou. Ela o seguiu, posicionando-se com a bolsa intermediária. A criança pediu atenção. Ela passou. O pai sorriu para a criança e nesse instante a moça já tinha ido embora de tudo ali.

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