terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Tatuagem





Tenho tantas. Outras. Tenho? Quero ser. Vejo a menina, vejo a mulher. Tenho tatuagem, sabia? Mas não me espete. Fique de longe, sou voraz. Posso ir. Pulando. Quero caminhar, caio. Pulando porque tenho a menina, pulando a corda. Segura aí, vai, não solta pra me ajudar! Preciso de dois, de um lado e do outro lado, lá. Onde ? Não sei. Lembro do mar, como gostava do mar... As montanhas me cercam. Em passos largos que voltam ao não centro percorro várias. Não extremidades não círculos passo paro pulando. Segura aí! Onde pulsa o lugar, aquele que te falei. Tantas vezes.

Faço velhinhas muito simpáticas, com o pano na mão venho tecendo a vida inteira. Assento-as sobre a prateleira, respeitáveis, guardam segredos nos novelos de lã secretos. Resguardo o tempo encontrando o tempo, na mão silenciosa, me resguardo no ato. Da corda que pulei no ritmo infantil vou ao encontro do tecido simples para me lembrar. Do futuro. Que passou. Quantos futuros poderia costurar na chita descompassada da memória? Costuro enfio o fio na agulha fina. Que desafia o buraco um lado de lá que vira boneca. Assento-a junto às amigas, precisam conversar. O sofá está cheio, a casa tem estragos que não tive como reparar. Encontro o lugar da exposição para as bonecas que conversam aparentes amenidades.

Chega de gritaria! Vou gritar como nunca que o silêncio me estarrece de alegria. Não há modelo nem ficção suficientes. Como disse tenho uma tatuagem colocada no seio. Sob a roupa que procura o estilo, se preciso pular é porque inquieta sou. Menina, não suba no ar, você vai cair! Não, mãe, sei pular. Alto. Só preciso de uma corda pra bater o ritmo e de dois que segurem a corda. Vou cortar o ar para quebrar de uma vez por todas o tempo.